DESPERTAR DA NOSSA CRIANÇA
por Maya Jurisic
A criança interior, presença que habita o nosso inconsciente e esta o tempo todo conosco, é um dos arquétipos que mais se manifestam ao longo de nossa vida - mesmo que não percebamos.
Seus aspectos positivos são pureza, inocência, alegria, criatividade, amor e sensibilidade que é tão própria da infância.
É a expressão da nossa própria criança, aquele ser que éramos quando pequenos. Puros, curiosos, criativos, sonhadores e totalmente abertos para a vida.
Por conta da inocência desse período nos tornamos verdadeiras "esponjas" e o que nos acontece nos marca profundamente.
Absorvemos tudo o que está ao nosso redor. Aceitamos tudo o que recebemos de braços abertos, pois ainda não temos uma série de partes de nós amadurecidas.
Assim, vamos aprendendo a enxergar o mundo de acordo com o que nos apresentam e formamos nossas crenças fundamentais.
Se temos um bom contato com o sentimento de amor, por exemplo, tendemos a desenvolver uma personalidade equilibrada, com maior autoestima e sensação de valor próprio.
Do contrário, ficamos propensos a ter diferentes desequilíbrios e manifestamos os aspectos negativos do arquétipo da criança. Se as crenças geradas nessa fase forem contrárias ao nosso desenvolvimento saudável, tendemos a desenvolver baixa autoestima, carência, tristeza, agressividade, timidez exagerada, sensação de inadequação e outros incômodos.
Justamente ser no período da infância que formamos as crenças que nos acompanham ao longo de toda nossa vida, descobrir quais elas são se torna um passo muito importante para ressignificar a forma como vivemos e enxergamos o mundo.
Muito disso, então, pode ser encontrado quando olhamos mais de perto e com dedicação para nossa criança interior.
Entrar em contato com ela se torna uma grande chave para nos aprofundamos no autoconhecimento.
Conforme crescemos, tendemos a esquecer que nossa criança está ali e, principalmente, que precisa de cuidados.
Ao olhar para o passado, na fase adulta, podemos até achar que as questões e mágoas da infância estão resolvidas e compreendidas.
Pode ter sido um jeito estranho com que falaram conosco, um desencontro com a mãe que nos fez pensar que ela havia nos abandonado, a dificuldade de encarar o primeiro dia da escola....
Porém a nossa criança, então ferida, segue com essa dor por muito mais tempo do que imaginamos, e sempre chega o memento em que fica evidente a necessidade de olharmos para ela e a curarmos.
Essas dores existem por não ter sido atendida, de alguma forma, a nossa necessidade primordial: sentirmos que somos amados e aceitos profundamente como somos.
Por isso é crucial olharmos para essa criança e entendermos suas feridas e necessidades, pois uma infância mal compreendida e cuidada nos torna adultos infantis.
E as decisões que vamos tomando ao longo da vida acabam tendo influência dos aspectos negativos do arquétipo da criança devido ao medo e à dor que carregamos. Nos movemos pelo mundo com imaturidade e segurança, vendo o que existe ao nosso redor como uma ameaça à nossa integridade.
Portanto, é nosso papel, enquanto adultos, cuidar da nossa criança, fazer prosperar o que há de melhor nela. Afinal, nós adultos temos toda a capacidade de oferecer amor à nossa própria criança para que ela se sinta amada.
Além desse contato ser benéfico para nós mesmos, por meio dele podemos fazer curas sistêmicas em toda nossa família. Existe uma oportunidade muito clara de tomar a vida e a criança nas nossas próprias mãos: podendo finalmente romper com os padrões negativos que estão há tanto tempo na nossa linhagem.
Assim, podemos permitir que nossa verdadeira essência ressoe e viva de forma mais livre, não condicionada pelas dores do passado. E essa informação tão forte passará a fazer parte das nossas próximas gerações, pois quando nos libertamos, libertamos também os que vêm antes e depois de nós.
A partir dessas curas intensas, reconhecemos a criança que está sempre dentro de nós. Por tanta pureza que ela carrega, guarda também uma chave super importante: a da nossa FELICIDADE.
Com uma simples pergunta a ela, por exemplo, como " o que te faz realmente feliz", podemos encontrar a resposta que precisamos para dar os passos em direção a uma vida mais plena e conectada com a nossa essência.
Então, quando nos integrarmos com ela e a curarmos, se consolida dentro de nós uma fonte inesgotável de alegria, criatividade e vontade de viver, autoconfiança e leveza.
O mundo ganha novas cores, a vida se torna uma aventura. Nosso olhar para a existência muda e passamos a querer desvendar o que encontramos pelo caminho, assim como as crianças.
(WORKSHOP "O Poder das Mandalas" MAYA JURISIC)